terça-feira, 1 de novembro de 2011

Identificação de fármacos em amostras biológicas

As intoxicações são causas freqüentes de procura de atendimento médico em serviços de urgência e emergência no Brasil, sendo muitos dos casos relacionados às tentativas de suicídio ou envolvendo crianças e idosos que se expuseram a doses acima da terapêutica, resultando em concentrações tóxicas na corrente sangüínea. No Brasil, os acidentes envolvendo medicamentos se enquadram no 1º lugar como principais causadores de intoxicações. As dosagens de substâncias no sangue, urina ou conteúdo gástrico são muito úteis no diagnóstico, determinação de prognóstico e acompanhamento do paciente (AMÉRICO e cols., 2008).
Os resultados de testes laboratoriais, para que sejam realmente úteis, devem ser rápidos e confiáveis e utilizar equipamentos e reagentes normalmente encontrados em laboratórios hospitalares de análises. A investigação de fármacos é a mais utilizada para testes toxicológicos e, dependendo do fármaco e das suas características farmacotoxicológicas e do tempo decorrido da exposição, este pode ser detectado na forma inalterada ou biotransformada no sangue ou na urina.
Os métodos espectrofotométricos, na região do ultravioleta, no intervalo de 220 a 320nm, são indicados tanto para o reconhecimento quanto para a confirmação de compostos orgânicos extraídos de material biológico.
Dessa forma, é possível a identificação da substância presente no extrato, pela comparação dos valores de absorbância, obtidos nos diversos comprimentos de onda, com os dos espectros de absorção usados como referência (AMÉRICO e cols., 2008).
As intoxicações agudas envolvendo medicamentos são causa de emergência clínica, relacionadas à ingestão de doses excessivas, principalmente entre crianças e idosos, ou às tentativas de suicídio, podendo apresentar quadros graves, com necessidade de tratamento específico. Portanto, é importante a realização de exames laboratoriais que auxiliem na identificação do tipo de medicamento envolvido no evento.
A pesquisa toxicológica de fármacos em material biológico, através da espectrofotometria, proporciona um teste simples e rápido para a identificação do agente causal em eventos de intoxicação aguda, podendo excluir ou sugerir a presença de determinada substância através de suas características físico-químicas próprias (AMÉRICO e cols., 2008).
Os laboratórios mais sofisticados empregam metodologias como cromatografia gasosa (CG) e a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) submetendo substâncias de referência a estes sistemas para que sejam geradas bases de dados dos parâmetros apropriados identificando assim substâncias presentes nas amostras analisadas, através de comparação do seu comportamento em determinado sistema com o referido nas bases de dados (AMÉRICO e cols., 2008). Um exemplo de metodologia empregada nos laboratórios de grande porte é a microextração em fase sólida (SPME), técnica que não requer instrumentação analítica sofisticada, permite a automação das análises e reutilização das fibras extratoras.  A SPME é realizada por cromatografia gasosa (SPME-GC) e mostra-se bastante útil na extração de fármacos voláteis e semivoláteis em análises de amostras biológicas. Quando os fármacos em análise são menos voláteis ou termicamente instáveis, estes devem passar por processos de derivatização/SPME-GC ou são analisados através da técnica SPME acoplada à cromatografia líquida de alta eficiência (SPME-HPLC). 
Já os laboratórios de pequeno e médio porte podem dispor de um espectrofotômetro, cuja utilização é relativamente simples, podendo determinar pequenas quantidades de toxicante. A urina é geralmente o material biológico de escolha, por apresentar elevada concentração de fármacos. As substâncias introduzidas no organismo, após produzirem seu efeito farmacológico ou tóxico, podem ser eliminadas intactas ou sob a forma de seus produtos de biotransformação através da excreção renal (AMÉRICO e cols., 2008).
Além das características químicas do fármaco ou de seu produto de biotransformação, deve-se levar em consideração a quantidade ingerida e o tempo decorrido da ingestão.

Referências: QUEIROZ, S. C. N; COLLINS, C. H; JARDIM, I. C. S. F. Métodos de extração e/ou concentração de compostos encontrados em fluidos biológicos para posterior determinação cromatográfica. Quím. Nova, v. 24, n. 1, 2001. p. 68-76. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v24n1/4452.pdf


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